14 de novembro de 2010

plano de fuga de número um

Sábado, 8:51 da manhã acordei assustada. tive um pesadelo. joguei umas mudas de roupa em uma bolsa. eu precisava fugir contigo. estava tudo cinza demais. chovia. peguei o ônibus com músicas nos ouvidos. te acordei, mandei você pegar roupas também e você não entendeu direito porque ainda estava dormindo. quando deu por si estávamos em uma cobertura de um prédio velho localizado no centro da cidade. na vista só víamos o cinza do céu que se misturava com o cinza dos prédios que ofuscava o cinza das pessoas que passavam por entre eles. na cobertura tinha um jardim muito bem cuidado. me perguntastes o que significava aquilo tudo e eu disse simplesmente que aquela precisávamos de umas férias do resto do mundo. eu tinha descoberto aquele lugar em uma das minhas explorações ao centro e acabei alugando o apartamento por um mês. não havia muita coisa lá. meia dúzia de móveis velhos e aquele cheiro de nostalgia em pó. resolvi começar a pintar a vista, o jardim e os novos planos quando me apertastes com amor. o vento sussurrava canções. aquele céu cinza escuro nos dizia que não iríamos usar o regador laranja por um tempo. guardei os papéis e as as cores e abrimos duas cadeiras de praia listradas e enferrujadas para apreciarmos o nosso tempo nosso. agora tínhamos o lugar, o jardim, o amor e um punhado de palavras guardadas no bolso. eu segurei a tua mão e começou a chover mas não nos importamos, gostávamos de chuva. nos beijamos pela primeira vez na nossa casa enquanto o céu desabava amor.