12 de outubro de 2013

Eu ando lendo muito. Em silêncio. Não falo mais. Não quero falar. Talvez eu precise. Quase 2 da tarde e eu me sinto anestesiada de tudo. Não quero sair. Não quero falar sobre isso. Eu tento chorar mas me faltam forças. Há 4 dias eu penso em me cortar mas não o faço porque me faltam forças. Eu vou passar o final de semana sozinha em casa. Preciso estudar física. Preciso desenhar. Preciso ser produtiva. Ontem peguei um livro na biblioteca. Ele me conecta a você. Eu abracei o livro. Eu o admirei como se você fosse meu. Eu não sei se gosto de você ou se to me ancorando a qualquer coisa que me afunde mais rápido. Eu queria que alguém sentisse pena de mim. Eu queria que alguém cuidasse de mim. Você nunca vai cuidar de mim. Essa é uma das poucas certezas que eu tenho. Não sentir nada dói tanto quanto sentir tudo? Eu não me sentia psicótica mas desde o remédio eu não tenho escutado vozes e tenho me sentido menos neurótica.

24 de maio de 2012

Nota:

Não gosto mais dos meus textos.
Não, nem o das tulipas vermelhas.

26 de outubro de 2011

Eu procuro algo que não existe. Espero, enfim, em vão. E vem, e vai. Ninguém mais ri perto do portão. É sempre demais. Cedo demais. Tarde demais. Amor demais. Me chamam de densa mas eu bóio na água. Na água, meus cabelos não fazem nós, meus olhos pouco querem ver, o som vem cristalizado, na água, eu consigo virar matéria. Queria sair por aí, beijando meninos pra me preencher. Não preencheria. Pessoas não me excitam. Sentimentos me excitam. Pessoas são ocas. Sentimentos, feitos de água. Não sei porque ainda escrevo. Acho que é porque só sobrou isso.

8 de outubro de 2011

Flores no armário

Tanta gente faz tanta coisa mais bonita. Tanta gente. Tanta coisa. Sempre tão mais tão bonita. Pra que fazer se não vai ser tão bela? Pra que continuar tentando e datilografando, sujando os dedos de tinta, correndo atrás de fantasmas e os filmes perdidos no escuro. Olhei aquele retrato e me vi mas não me estava ali. Só Morgana e nada mais. Morgana rouba meu corpo e me faz ser atropelada no meio da ponte. A fonte, a ponte, o ponto, as pintas. São só palavras, nada além disso. E assim, o romance sintético saiu da tela e virou vela pra velejar. Velejou sozinho por séculos até se encontrar perdido no meio do mar de outros romances reais. Resolveu naufragar. Meias palavras mudam os dias. Você não sentia falta das letras. Anne, das vírgulas. Eu dos suspiros.
pescava.
pés-cava.
pés-casa.
Meus pés nos seus pés. Meus pés frios, meus pés mórbidos, cama branca, nossa casa cor-de-azul num fim de tarde. Gravando. Gravo em você os traços dos meus lábios que estão a descascar. Meus batons são escuros e combinam com a sua pele. Tudo meu combina com você. No princípio, éramos uma peça só. Agora somos também. Se for de verdade, continuaremos sendo mesmo depois dos créditos.
Esse texto é claro, é caseiro, é adulto e não foi escrito por Morgana e sim pela dona das palavras.

27 de setembro de 2011

Azulejos Antigos

Era noite ou era dia. Apenas era. Continuaria sendo algo. O frio teimava em passar pela roupa e tocar os ossos, sacudir as células. Fez despertar a sensação esquecida de estar viva. Os olhos cansados fechavam lentamente. O vento, as notas de Bon Iver, tudo parecia dizer que aquilo era vida. Que a tal paz nunca esteve em outra pessoa. Se sentia bem, mesmo que bem só. O corpo flutuava depois daqueles dias cheios, daquelas tempestades sem fim. Já estava menos densa que o ar, mais distante do chão. Os dramas, as lágrimas, as ligações, os textos rasgados, queimados, as promessas que jamais seriam cumpridas, tudo aquilo ia escorrendo pelos dedos e a deixando mais leve. Quase podia tocar o céu se fechasse os olhos com mais força. O onirismo sempre foi um ótimo plano de fuga. Os dicionários não precisavam naquele lugar ou em lugar nenhum. Era uma vez um mundo distante que só existia dentro da cabeça de uma menina que só existia dentro de quatro paredes.
Ainda existe.

20 de setembro de 2011

Eu olho pra pia e tem uma goteira. Penso em todas as pessoas que morreram de sede por causa daquela gota jogada fora. Penso nas pessoas que morreram afogadas. A água entrando no pulmão. Será que choraram? A água que bebo é amarelada. O incolor não existe mais. Tudo que é puro se desfez. Até as lágrimas são amareladas. vivemos mentiras contadas na televisão. Você fala pra eu não tomar mais remédios mas não segura minha mão ao atravessar as ruas. Meus remédios inorgânicos e artificiais destroem meus neurotransmissores. Brain damage caused by the world. Eu estou levemente dopada e você me odeia de leve por isso.
Autodestruição. Solidão. Insegurança. Segredos.
Você precisa me ajudar, me fazer me ajudar ou comprar mais remédios.

14 de setembro de 2011

Nosso romance imaginário tinha lágrimas de verdade. De olhos fechados, pensávamos que nos escondíamos do mundo quando antes de mais nada, nos escondíamos de nós mesmos. As palavras trocadas eram digitalizadas. Os olhares, sujos de pixeis, brilhavam sem um motivo aparente. Deitada na cama fria, com os lábios pintados e o vestido mais bonito, eu esperava você chegar e o chegar nunca chegava. Eu deveria passar a dormir mais porque nos sonhos eu posso segurar suas mãos e olhar teus verdes olhos verdes que não tem meu reflexo. O pra sempre de cada noite vaga que ocupava mais espaço na memória, só fazia o sentimento crescer e pesar mais no meu peito. A culpa era do sereno. Sempre foi o sereno. Quanto mais sereno o amor, mais fatal. Ele vai nos sufocando aos poucos até o ponto de precisarmos dele para respirar.