4 de junho de 2011

Eu quero escrever mas não encontro as palavras. Faz frio aqui. O frio me faz ter dor. Meu peito dói. Essa música se repete e eu não quero parar de ouvi-la. Hoje estou despida de tudo. Acho que é a primeira vez que realmente me vejo em muito tempo. Mesmo assim não gosto do que vejo. Pra que tanta insegurança e tanto medo de se mostrar? Não preciso de ti mas quero precisar. Esse é mais um dos meus textos confusos. Meus desabafos que se enchem de poeira. Você não vai gostar. Eu não gosto. Não gostamos de nomes compostos. Eu gosto de você e de dias chuvosos. Meu cabelo pinga. A janela está entreaberta e a chuva molha a cama. Ainda tem estrelas na cama. Ainda tem estrelas em mim. Você só se interessa pelas estrelas mais distantes assim como eu. É tão mais fácil abraçar a âncora e se deixar afundar. Eu queria escrever mais. Eu queria poder pôr palavras no que sinto nessa noite. Me sinto dentro de um mundo em que estou fora. Você não me vê. Ninguém me vê. Eu me olho no espelho e não me vejo. Minha pele está fria. Meu coração não alcança o resto do corpo. Eu não gosto de dormir. Também não gosto de ficar acordada. Estou escrevendo como Rodrigo e isso faz com que eu sinta as dores dele. É como tocar na ferida que nunca sarou. Eu não sei o que esperar. Só preciso me preencher. Noites vazias, vidas vazias. Meu quarto é cheio de pessoas que se foram. Todos se vão. Eu fico. Eu espero e ninguém volta. Espero até quem ainda não veio. Espero que algo aconteça. Tempo. O tempo não passa. O tempo voa. Precisamos de tempo. Não temos tempo. O tempo acabou. Será que as borboletas realmente só duram 24 horas? Eu prefiro acreditar que elas duram o tempo que quiserem. As vezes uma noite vale mais que uma vida inteira. Sinto que ainda não vivi o bastante. Quem viveu? Nunca vivemos o bastante. O bastante não existe. Eu gosto de escrever o que penso. As pessoas não me entendem. Então eu boto minhas máscaras e saio pra passear. Estou com dor nas costas. Estou com dor de cabeça. Estou sempre com dor. Dor se tornou uma característica. Estou escrevendo e nada mudou, só eu. Eu mudo e me vejo mudar de longe. Pintas e marcas se espalham pelo meu corpo. Se eu fechar os olhos, sinto sua pele quente sobre a minha. Vivo de sonhos. Não sonho pra viver. Eu ligo pra pessoas. Mentira, só ligo pra uma pessoa. Eu gosto de falar. De não me sentir sozinha. Eu tinha tanto pra falar mas a metade não sai por medo. Ainda tenho medo do mundo. Existem papéis e finais felizes no meu armário. Eu não costumo ler contos felizes. Tristeza me agrada mais. Você anda pela cidade. Eu ando pela rua. Não nos encontramos. Iremos nos encontrar? Escreveria mais, escreveria sempre. Será que eu posso? Talvez não devesse mais parar. A cidade se prepara pra dormir. Não vivo nessa cidade. Vivo no meu quarto. Posso viver dentro de você? Eu sou romântica, desculpa. Volta pra tua vida que eu volto pros meus sonhos e poesias. Não fique assim, eu prometo que te escrevo mais. O ponto final não existe.