13 de agosto de 2011
Talvez eu esteja deprimida. Posso até estar esquizofrênica, paranóica, mais uma borderline no mundo, mais uma que vai pra algum lugar que chamam de inferno. Talvez eu só esteja deprimida. Que tal me receitar alguns comprimidos redondos? Vozes na minha cabeça me dizem enquanto eu arrumo a cama que essa é a peça, não o ensaio. Minha vida será isso. 10 litros de tristeza pura, sem gelo, por favor. De gelados já bastam os olhos que me examinam. Essas mesmas vozes me falavam que sentir dor faria a dor passar mais rápido. Quando os pulsos foram descobertos, fomos pras costelas, pra perto dos seios. Aquele lugar quase tão intocado que quando tocado era por pessoas que não notavam marcas pois as suas eram maiores e mais profundas. As giletes enferrujaram. Estou tão perdida quanto há dois anos atrás. Mais uma noite deitada ouvindo Pink Floyd enquanto olho pro teto e o tempo passa. The Dark Side Of The Moon, repeat all. Shine On You Crazy Diamond, repeat one. Até as músicas são as mesmas. Pensando bem, acho que estou mais perdida agora. Antes eu tinha os sonhos. Antes eu a tinha. Perdi ambos. A lua me observa. Por dentro, estou necrosando. O sangue não circula mais. Eu não quero que você sinta muito. Não sinta nada. Me disseque. Roube minhas mentiras. Não tenha pena das minhas verdades. Eu fecho os olhos de novo e vejo dor. Todos os meus heróis tiraram a própria vida. Me dá um arrepio bom só de pensar. Talvez eu realmente precise de ajuda. Minha lucidez desfez-se em pó. Minha cabeça dói. Meu coração bate rápido. Ele quer pulsar o máximo. Entra no meu quarto e o faça pulsar mais. Esperamos o teu beijo mas ele não vem. A peça está no fim e a platéia já foi embora. Estou presa na platéia vendo meu próprio suicídio por diversos ângulos. Você odeia suicídios e eu poderia amar-te. Ninguém chora nessa estação. Jamais poderíamos imaginar que uma menina como ela faria algo assim.