5 de agosto de 2011

Você me diz que eu sou tão superbacana pra minha idade, sorri e elogia meus dedos de datilografia, meus olhos de fotografia, meu bloco de taquigrafia e a mania de rimar sem parar e cortar as palavras em duas, três outra palavras assim, merveilleusement. Vamos fugir pra um sítio pra caetanear, tropicalisar, bossalisar, aprender a pescar. Pego as folhas secas e faço um vestido. Deve ser carnaval o ano todo porque as pessoas não saem de casa sem suas máscaras. Vamos comer Caetano, vamos devorá-lo. Lobão tem razão, lobotomia, autotelia não existe mais. Derramo palavras de rimas de minha não autoria sobre a tua pele. Chega de saudade. Chega de verdade. Cansei da 1ª pessoa do plural. Quero fazer marcas em mim, você e prédios velhos. Preciso concretizar a minha existência. Vou me encher de concreto na Central do Brasil em pleno domingo de abril. Abstraímos o abstrato. Fazemos muitos tratos e esquecemos de esquecer. Palavras são boas de brincar. Quem não sabe brincar, vira escritor. Os timbres são os mesmos. Compro ouro usado mas não sei amar. Amor capitalizado. Trago pessoa amada em 3 vidas. O calor de Madureira amansa no outono. Aquela menina sou eu. Aquela maquiagem finge que me esconde. Sonhei com um desenho que você não fez. Era uma casa e meia dúzia de segredos. Eu só escondo segredos do mundo. Todas as ruas corridas me fazem sonhar. Se ela me chamar eu vou. Pego o primeiro ônibus e vou para São Paulo. Viver do brilho das manhãs que ela prometeu e fez questão de esquecer e me esquecer.
Ainda sonho com as pernas.