Ainda existe.
27 de setembro de 2011
Azulejos Antigos
Era noite ou era dia. Apenas era. Continuaria sendo algo. O frio teimava em passar pela roupa e tocar os ossos, sacudir as células. Fez despertar a sensação esquecida de estar viva. Os olhos cansados fechavam lentamente. O vento, as notas de Bon Iver, tudo parecia dizer que aquilo era vida. Que a tal paz nunca esteve em outra pessoa. Se sentia bem, mesmo que bem só. O corpo flutuava depois daqueles dias cheios, daquelas tempestades sem fim. Já estava menos densa que o ar, mais distante do chão. Os dramas, as lágrimas, as ligações, os textos rasgados, queimados, as promessas que jamais seriam cumpridas, tudo aquilo ia escorrendo pelos dedos e a deixando mais leve. Quase podia tocar o céu se fechasse os olhos com mais força. O onirismo sempre foi um ótimo plano de fuga. Os dicionários não precisavam naquele lugar ou em lugar nenhum. Era uma vez um mundo distante que só existia dentro da cabeça de uma menina que só existia dentro de quatro paredes.